Para que uma visita virtual a uma exposição? Seria um passeio, um estudo, uma distração?

Para acompanhar uma visita virtual em um museu, basta utilizar um dispositivo conectado à internet e acessar algumas possibilidades. Escolhi o acesso ao site da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo através do link http://pinacoteca.org.br/, que em suas abas principais conta com a aba Tour Virtual, exibindo além de exposições permanentes, algumas temporárias, dentre elas a exposição OSGEMEOS: Segredos.

Para esta mostra foram preparadas instalações imersivas e sonoras sem prejuízo de acesso através do virtual, apresentando pontos onde ao tocar o cursor se obtém o recurso que leva o visitante virtual a explorar a parte sonora, além de um vídeo para visita guiada, narrado pelos próprios artistas. Presencialmente o visitante retira o catálogo explicativo. Aspectos interessantes atravessados pelo momento atual de pandemia e que de acordo com o objetivo da instituição de valorizar a produção de arte brasileira, reafirmou seu compromisso em apresentar de forma abrangente a produção de OSGEMEOS, segundo material descritivo no próprio site. Citação do diretor-geral e curador da mostra Jochen Volz:

“Se, na época moderna, o fenômeno artístico tem a cidade como seu lugar de existência, pensar a arte é pensar a sua inscrição na urbanidade. O urbano, a cidade, as relações que se dão nesse espaço especifico, são tanto temas da arte quanto o próprio modo de sua aparição. Viver em cidades significa partilhar de uma sociabilidade singular, marcada pelo deslocamento, pelo anonimato, pela produção coletiva, geradora de conflitos e desigualdades, mas também dotada de um potencial de liberdade e transformação, caros às práticas de arte moderna e contemporânea.”

Este potencial de liberdade e transformação nesta mostra, alcançou a identidade do referido museu, já que temporariamente fora substituído o letreiro na fachada que traz o nome da instituição por um luminoso desenhado especialmente pelos artistas, assim como outras formas internas de identificação temporariamente alteradas como as assinaturas eletrônicas dos emails dos funcionários. Alterações relevantes por abrangerem a essência do trabalho proposto pelos irmãos para além do acervo pessoal deles, contabilizando mais de 1000 itens expostos. Sua arte está espalhada pelo mundo em murais, metrôs e aviões ou onde para eles represente um acesso ao registro de suas imagens criativas.

História contada através do vídeo gravado pelos próprios artistas que fazem uma digressão do processo de suas produções e que instiga ainda mais a observação por seus admiradores ao trabalho que desenvolvem.

 Tal formato de guia e alterações institucionais já citadas, me fizeram refletir a respeito do alcance obtido na interatividade através do trabalho dos irmãos que parece demonstrar o quanto de fato, puderam conversar com a instituição e o potencial de linguagem contido para acesso do público que se interessa em conhecer o trabalho desta parceria incrível entre Otavio e Gustavo Pandolfo.

Outro aspecto interessante presente unicamente na visita virtual, é o vídeo da entrevista com o curador Jochen Volz que comenta o processo de montagem propiciando um olhar para esta etapa fundamental de uma mostra. Por meio da experiência virtual somos conduzidos não somente a percepções sonoras ou visuais, mas a refletir sobre a conexão histórica da produção artística, na medida em que acessamos as várias frentes propostas para a conectividade.

O próprio depoimento dos artistas contando a experiência que tiveram em 1983 durante uma visita à Pinacoteca e que teriam usado pela primeira vez spray quando tinham por volta de 9 anos, sendo que o spray desde então, passa a ser o principal instrumento de trabalho, tendo pintado à época, em dupla, um personagem na parede da própria instituição,( na sala da exposição que conta o início do processo criativo dos irmãos tem o registro fotográfico deste momento vivido pelo apoio e incentivo familiar). Isto já nos remete à importância do trabalho mediador realizado nesta instituição e enaltece as formas de aprendizagens não formais. Nota-se ainda a ação educativa na disposição das fichas técnicas e em inúmeros recursos explicativos com o propósito de promover a ampliação do conhecimento do material artístico, mesmo que por experiência virtual a interação através dos links devidamente indicados ao longo do percurso, proporciona uma livre criação de interesse, a depender dos visitantes em aprofundar a visita.

Em outro trecho do vídeo para a visita guiada, Otavio e Gustavo mencionam a busca pelos porquês de suas vidas descrevendo o encontro com um universo chamado de TRITREZ, por meio de suas criações que relacionam com a ligação espiritual no processo criativo de suas vidas onde encontram paz, harmonia e o alicerce para a produção de suas obras. Muitas imagens com temas semelhantes se interconectam com outras visitas em outras instituições de modo a ampliar maneiras de compreensão e instigar pesquisas na conectividade criativa, contida em nossa psique, aqui demonstrada pelos gêmeos através de resultados práticos no decorrer de uma temporalidade, com inferência em seus trabalhos.

Esta mostra traz a valorização de coleção, de insumos e recursos, da memória que o museu protege em seu interior e que através da exibição de seu acervo e condução educativa podem, como citados, na experiência da produção mencionada anteriormente relatado por eles na infância, revelar perceptível estado de afetividade e aprendizagem relacionados ao museu.

Percebe-se, portanto, através da produção da arte, do trabalho e do interesse particular dos visitantes, a abrangência e importância das ações educativas em museus e as possibilidades de conhecimento que setores culturais apresentam.

Vale ressaltar que apesar de existirem antes da pandemia e terem maior divulgação devido ao contexto atual, as visitas virtuais assumem cada vez mais um importante papel por tornar a vivência da arte mais acessível e enriquecedora aos que apresentarem interesse e que tenham acesso à tecnologia. Diferencial que amplia o papel educativo sem tempo ou distância como adversidades, além, é claro, de contemplarmos a alma pousada em cada trabalho exposto.

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